Este projeto faz parte de uma exploração muito mais vasta que se debruça sobre a história das mulheres durante a Conquista Espanhola e a Era dos Descobrimentos.
Como é que os métodos científicos modernos, como os testes genéticos, ajudam a resolver questões históricas na história das Filipinas?
O lado materno da família de M. - M. é uma personagem fictícia que apresentei na Parte 1 deste projeto, realizada antes do resultado do teste de ADN - provinha, pelo menos num passado próximo, de uma tribo das colinas do Sudeste Asiático, um povo que muitas vezes não tem cidadania.
O projeto Ancestry Traveller é o meu segundo encontro com a alta tecnologia de sequenciação e leitura de informação genética. No meu projeto de maternidade sintética, tenho trabalhado em colaboração com um laboratório forense para prever o futuro aspeto da minha potencial descendência. Os testes de ascendência permitem-nos fazer algo oposto, ler o passado (pelo menos até certo ponto).
É uma oportunidade criativa fascinante ser um dos 12 artistas envolvidos nos aspectos científicos e artísticos dos workshops Ancestry Traveller produzidos pela equipa do i3S e por Luisa Pereira, Geneticista Populacional e líder do grupo de Diversidade Genética da Universidade do Porto.
Nas últimas décadas, a ideia de "ancestralidade" tornou-se uma das noções mais importantes e populares na genética das populações humanas. Sobre esta noção assentam as perspectivas da genética sobre as origens e a história das populações vivas contemporâneas. No entanto, a ancestralidade tem vários significados e, fora do âmbito da genética, a ideia informa normalmente práticas relacionadas com a identidade, o parentesco e a história da família.
Durante a minha infância, ouvi histórias sobre os meus bisavós paternos que eram condenados e exilados políticos de Macau e que foram exilados em Timor-Leste durante o tempo da Colónia Portuguesa. Por outro lado, descobri que os antepassados do meu avô materno eram de Goa, na Índia. Ambos os lados da minha família falam várias línguas, incluindo português, tétum, indonésio, hakka e outros dialectos timorenses, o que despertou a minha curiosidade sobre a minha herança ancestral.
A ancestralidade tornou-se, nas últimas décadas, um conceito central em genética das populações humanas. Sobre ele se sustenta o olhar da genética sobre as origens e a história das populações hoje existentes. Contudo, a noção de ancestralidade pode ter vários significados distintos e, para lá da genética, está frequentemente associada a ideias e práticas relacionadas com a identidade, o parentesco ou as histórias de família.
As comunidades indígenas são a base de qualquer projeto científico que pretenda estudar a história cultural e biológica das populações humanas. A interação com estas comunidades, com o seu consentimento, permite aos investigadores a recolha de dados e a aquisição de conhecimento indispensável para garantir o sucesso a longo prazo de um projeto.
A genética populacional humana procura compreender sobre diversidade genética e evolução molecular dos humanos modernos. O primeiro passo de qualquer estudo é conseguir uma boa amostragem de modo a assegurar a correta representatividade da população em estudo. No âmbito do projeto da viagem de Magalhães, este passo foi um verdadeiro desafio para a equipa de investigação devido à pandemia.
Os testes de ancestralidade conciliam o interesse em conhecer a história familiar e genética, numa tendência que veio para ficar. Contudo, são poucos os que entendem como os testes de ancestralidade funcionam. Neste artigo, explicamos como uma pequena amostra de saliva permite aceder a informação sobre a história genética de um indivíduo e, juntamente com as extensas bases de dados genéticos, pode influenciar os resultados sobre nossa ascendência. No entanto, a genética é apenas uma pequena parte do que nos constitui.
É extremamente raro que a abertura de concursos para projetos de investigação permita aplicar a nossa experiência para abordar um momento histórico e simbólico a nível global: a viagem de circum-navegação da tripulação liderada por Fernão de Magalhães. Para os geneticistas populacionais, esta expedição de há 500 anos foi incrível ao possibilitar os primeiros contatos entre tantas e diversas populações humanas. Este foi o mote que seguimos para avançar com o nosso projeto.