Projeto Magalhães
A viagem de circum-navegação comandada pelo explorador português Fernão de Magalhães e concluída pelo espanhol Juan Sebastián Elcano, que ocorreu entre 1519 e 1522, foi a primeira expedição à volta do mundo. O que começou por ser a procura por uma rota ocidental alternativa para as Ilhas das Especiarias, ou Molucas, na Indonésia, acabou por se tornar numa das maiores conquistas da história humana, cuja herança cultural e relevância patrimonial permanece até aos dias de hoje. Os navegadores enfrentaram o desconhecido, navegando para sul através de todo o espectro tropical e subtropical e passando pelo Estreito de Magalhães que une os oceanos Atlântico e Pacífico. Ao longo da sua extraordinária jornada, os exploradores depararam-se com uma grande variedade de grupos humanos, bastante diversos e exóticos quando comparados com o padrão europeu
Objetivo
Tendo como referência a viagem de circum-navegação e o quadro conceptual da descoberta de terras e da interacção com distintos povos e culturas, propusemo-nos estudar a variabilidade humana através do espaço, da Europa à América, Sudeste Asiático, África e de volta à Europa, e também através do tempo, comparando as populações e as suas dinâmicas desde o início do século XVI até aos dias de hoje.
Equipa do projeto
Luisa Pereira, i3S; Ipatimup, Porto, Portugal
Joana Barbosa Pereira, i3S; Ipatimup, Porto, Portugal
Cristiana Bastos, Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa)
José Santos, i3S; IBMC, Porto, Portugal
Maria Manuela Carvalho de Sousa Lopes, i3S; IBMC, Porto, Portugal
Maria Rui de Vilar Correia, i3S; IBMC, Porto, Portugal
Nicholas Miller, Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa)
Ricardo Gomes Moreira, Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa)
Ricaut Francois-Xavier, Universidade de Toulouse, Toulouse, França
Verónica Fernandes, i3S; Ipatimup, Porto, Portugal
Colaboradores
Nina Radovic Fanta; Universidade de Diego Portales, Chile
Maureen B. De Guzman; Fundação da Escola de Medicina de Davao (DMSF), Filipinas
Genevieve Tupas; Fundação da Escola de Medicina de Davao (DMSF), Filipinas
Maximilian Larena; Universidade de Uppsala (UU), Suécia
Pradiptajati Kusuma; Instituto de Medicina Molecular Eijkman, Indonésia
Como nos propomos a realizá-lo?
A equipa irá caracterizar as populações dos locais de paragem que a frota de Magalhães efectuou há 500 anos. Este estudo será feito através da recolha de dados genéticos e de alguns dados fenotípicos (como a cor da pele, dos olhos e do cabelo, parâmetros metabólicos e proporções corporais). O carácter global da circum-navegação de Magalhães permitir-nos-á alcançar a maior diversidade para essas características fenotípicas em humanos, enquanto a comparação com populações nativas, como representante da diversidade encontrada em 1519-1522, contribuirá para estabelecer um retrato da transformação ocorrida nos últimos 500 anos. Queremos transmitir ao público em geral como os avanços na genética informam sobre as nossas origens recentes, que partilham uma história comum, na qual uma parte importante da diversidade resulta da adaptação a diferentes condições ambientais e pressões seletivas.
As valências históricas e antropológicas do projeto serão também avaliadas através do desenvolvimento de uma pesquisa de carácter etnográfico sobre as práticas políticas e culturais inscritas na cultura de memória, ou memorialização, das comunidades. O estudo integrado da memória e da genética desempenha um papel importante na avaliação teórica das percepções de pertença num mundo globalizado, caracterizado por uma crescente mobilidade.
No culminar deste projecto, a equipa irá divulgar e desenvolver atividades de comunicação que incluirão abordagens educacionais e artísticas como forma de traduzir os resultados do projeto e promover na sociedade valores de multiculturalismo e igualdade baseados na diversidade.
O nosso contributo
A viagem de Magalhães, quando considerada de diferentes perspectivas (por exemplo, tempo, genética e etnografia) pode constituir um excelente motivo para abordar alguns dos principais equívocos do público em geral sobre a diversidade humana, desde a biologia até à política. O nosso objetivo final foca-se na desmistificação dos preconceitos e crenças raciais que ainda precedem a diversidade na espécie humana, abordando ideias infundadas generalizadas sobre a diversidade humana.
Lista de instituições
Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT)
Instituto de Patologia e Imunologia Molecular (IPATIMUP/UP)
Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC/UP)
Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS/ULisboa)
Universidade de Toulouse, França
Este projeto é financiado por fundos nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito do projeto “CIRCNA/CIS/0142/2019”.